Monday, December 13, 2010
Um pouco sobre a história do Bolo de Mel
Enxerto do livro “Memórias Gastronómicas – Associação Cultural
“[…]O bolo de mel de cana-de-açúcar surgiu, assim, com naturalidade, no sossego claustral do convento de Monchique, cruzando-se os ensinamentos culinários de Portugal com o exotismo árabe-berbere.
Referem velhas crónicas Franciscanas que frei Jordão do Espírito Santo, no remoto século XV navegou para a Madeira, numa ágil caravela trazendo com ele a sabedoria do bolo de mel. Uma vez, no Funchal, no natural intercâmbio de mimos, entre os conventos a notável receita, precedida de deliciosos exemplos vivos do delicioso manjar, tornou-se conhecido das freiras franciscanas do Convento de Santa Clara.[…]”
“ […] juntaram ao bolo algumas requintadas especiarias, com destaque para o cravinho, naturalmente doseado com angélico pudor já que se trata duma especiaria bem afrodisíaca […]”
“[…] partido à mão, o bolo de mel madeirense é bem acompanhado por um fino e velho vinho Madeira[…]”
Na véspera do dia em que se vai preparar o bolo, compra-se o pão em massa no padeiro ou prepara-se o fermento com 250 g de farinha, 1 dl de água tépida e 10 g de fermento de padeiro. Envolve-se o pão (ou o fermento) num guardanapo depois de passado por farinha e deixa-se ficar em sítio quente de um dia para o outro.
No dia seguinte, peneiram-se as especiarias previamente pisadas; cortam-se as amêndoas, as nozes e o cidrão em bocados; dissolve-se o bicarbonato no vinho da Madeira; derretem-se as gorduras no mel quente; raspa-se a casca das laranjas e espreme-se o sumo.
Peneira-se a farinha e o açúcar para dentro de um alguidar grande, faz-se uma cova ao meio e deita-se aí a massa de fermento; depois vai-se «apagando» o fermento com a farinha, amassando. Quando a farinha e o fermento estiverem bem misturados, começa-se a juntar o mel apenas morno (juntamente com as gorduras) e vai-se amassando.
Depois de se ter adicionado todo o mel, juntam-se os frutos preparados, o vinho da Madeira com o bicarbonato, o sumo e a raspa das laranjas e as especiarias. Amassa-se até a massa se desprender do alguidar. Abafa-se com um pano e um cobertor e deixa-se levedar em sítio morno, a uma temperatura sempre igual, durante 3 a 4 dias. Depois divide-se a massa em porções de 250, 500 ou 750 g conforme o tamanho dos bolos. Deitam-se estas porções de massa em formas redondas, direitas e baixas e muito bem untadas e leva-se a cozer em forno bem quente, depois de se ter enfeitado a superfície com meias nozes, ou amêndoas ou bocados de cidrão.
Querendo, pode-se reduzir a quantidade de nozes ou de outros ingredientes caros; nesse caso aumentam-se as especiarias dando lugar a outro tipo de bolo, o bolo podre. Os primeiros são mais saborosos e os segundos mais apimentados. Depois de cozidos e frios, embrulham-se em papel vegetal ou celofane e guardam-se em caixas. Estes bolos podem conservar-se durante um ano inteiro.
Mandava a tradição, que ainda hoje vigora nalguns casos, que o bolo de mel fosse preparado no dia 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, para estar bom no Natal, festa de que este bolo faz parte integrante. É neste dia, 8 de Dezembro, que começam os preparativos para a festa (Natal), e se partem os últimos bolos que restaram da fornada do ano anterior. Por estes motivos é dia de grande azáfama e alegria.
* 2,5 kg de farinha ;
* 1 kg de açúcar ;
* 750 g de banha ;
* 500 g de manteiga ;
* 25 g de erva doce ;
* 50 g de canela ;
* 12 g de cravinho-da-índia ;
* 12 g de cravo-de-acha ;
* 1 colher de chá de mistura de especiarias ;
* 2 kg de nozes (com a casca) ;
* 250 g de miolo de amêndoa ;
* 50 g de cidrão ;
* 5 colheres de sopa de bicarbonato de sódio ;
* 250 g de pão de massa ;
* 1,8 litro de mel de cana (cerca de 2 garrafas e meia de melaço) ;
* 1 cálice de vinho da Madeira ;
* 4 laranjas
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